sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Mãos em jogo - propostas no handebol V

Normalmente, o conhecimento sobre o handebol apresentado pelos alunos do Ensino Fundamental é muito superficial. Para quem jamais teve a oportunidade de jogar ou mesmo assistir uma partida, saber que nele usamos as mãos em detrimento dos pés, por exemplo, não é suficiente para que consigamos apreender toda a dinâmica de possibilidades permitida por essa modalidade.

No handebol, a situação de drible é menos usual pelo tamanho e característica da bola. A maior ocorrência dentre os movimentos de jogo recai sobre o passe. No entanto, este é feito de forma objetiva, ofensiva e buscando a melhor oportunidade de finalizar em gol. Para tanto, combinamos os passes com o número de passos permitido quando de posse da bola. 

Tenho a bola, e agora? Melhor continuar me mexendo!

O chamado RITMO TRIFÁSICO difere do basquete na contagem de passos: enquanto o jogador de basquete pode movimentar um dos pés livremente se mantiver o outro no lugar, o jogador de handebol deve estar consciente de que qualquer mobilidade além do permitido será penalizada. Da mesma forma, precisa garantir que seus três passos sejam bem utilizados taticamente. Ainda, é possível o DUPLO RITMO TRIFÁSICO: o jogador recebe a bola, executa os três passos, dribla e realiza mais três deslocamentos de posse da bola.

Não existe uma forma correta ou uma ordem a ser aprendida de executar o ritmo trifásico, assim, estimula-se o jogador para que se desloque com qualidade e objetividade nas suas ações em jogo. A questão: como? Vejamos algumas possibilidades... Ah, sim, isso tudo pensado para um jogo mais organizado também!

Aula 4 - Ritmo Trifásico e Organização Tática

-  Apropriação das regras de deslocamento: proponha o jogo livre, sem qualquer intervenção prévia sobre regras, cobrando apenas o respeito ao espaço da área dos goleiros e a saída da bola nos limites da quadra.

Cabe ao professor a observação de situações nas quais possa colocar os alunos para refletir sobre a organização do jogo e incentivar a proposição de novas regras: alguém está ficando mais com a bola do que os outros?  Vocês acham justo que um jogador possa andar a quadra toda de posse da bola? Permanecer tanto tempo com a bola não é arriscado em algum momento?

-  Alerta ao Ataque: o grupo é dividido em duas equipes iguais, os jogadores numerados de forma a fazerem par com um adversário. O início do jogo se dá com um jogador com a bola no centro da quadra e cada equipe posicionada em meio círculo. Ao lançar a bola ao alto, o jogador dirá um dos números correspondente a um adversário. Este deverá buscar recepcionar a bola, ao mesmo tempo que grita ALERTA!

Enquanto a bola viaja, os adversários deverão se posicionar defensivamente para proteger o cone colocado dentro da área do goleiro. A equipe que ficará com a bola também poderá se mexer, mas todos deverão permanecer no lugar após o grito de ALERTA! A partir do recebimento da bola por parte do jogador correspondente ao número chamado, ele poderá executar três passos e passá-la a um companheiro ou arremessá-la em direção ao cone, se assim entender conveniente. A defesa pode movimentar a parte superior do corpo sem modificar sua posição na quadra, tentando bloquear passes e arremessos.
Variações: maior número de cones; cones em lugares variados da quadra; arremessar em gol; os dois jogadores de mesmo número disputam a posse da bola.

- Bola ao Pivô: duas equipes, sendo que um jogador ficará dentro da área adversária como pivô. Ao possuir a bola, a equipe deve passá-la até o pivô para marcar um ponto.
Variações: pivô não pode se deslocar; pivô se movimentando dentro da área; maior número de pivôs; restrição de passos com a bola na mão; maior número de bolas em jogo; um pivô de cada equipe dentro de cada área.

Encerro a série na próxima semana com algumas referências para maior aprofundamento. E já será outubro, o que trazer para conversar aqui no LUDocência? Abraços a todos e até a próxima!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mãos em jogo - propostas no handebol IV

Acho que a missão vai ser difícil, posicionamento é tudo!

Boas! Acompanho sempre os acessos ao blog pelo Feedjit.live e tem muita gente que busca termos como "quadra de handebol", "posicionamento dos jogadores de handebol", dentre outras possibilidades semelhantes. Imagino que sejam estudantes querendo estas informações, talvez incentivados pelos seus professores de Educação Física. Mas em que saber as medidas da quadra ou nomes das posições vão ajudar no desenvolvimento de uma prática melhor?

O movimento deveria estar direcionado para aprender a jogar e reter informações como essas são um pano de fundo para outros momentos, jamais deveriam ser uma justificativa para atribuir nota ou servirem como trabalho para quem estuda a modalidade. Atribuo importância ao conhecimento da origem social e histórica de cada esporte, pois sua compreensão permite ir além na prática, mas cobrar minúcias no ensino do esporte é bobagem!

Hoje vamos aos gols! Jogo cheio de tentos para todos os lados e com tantas possibilidades, já que as mãos executam movimentos diversos, vamos estimular o arremesso e também incentivar o mais ingrato dos jogadores, o goleiro!

Aula 3 - Arremessos em gol e o goleiro

A princípio, os arremessos podem ser executados de três maneiras:

Apoiado

Suspensão

Queda

Mas a criatividade... ahh, deixe sempre o cara livre para inventar!

Bom, mas falando de atividades para trabalhar arremesso, tudo fica na base de jogos. A motivação será outra se comparada a uma atividade de estafeta em que os alunos esperam pela sua vez e arremessam em gol.

- Videogame: para facilitar os ajustes, use meia quadra para cada equipe (duas equipes). O jogo consiste na passagem da bola entre os jogadores, chegando ao próximo posicionado perto da linha de sete metros, o qual deverá acertar o alvo da vez.


A bola sai da ponta esquerda, sendo passada de jogador em jogador até chegar no arremessador, que segue a seguinte sequência:
1. Cone da esquerda
2. Cone do centro
3. Cone da direita
4. Cone no centro do gol
5. Cone ao lado da trave esquerda
6. Cone ao lado da trave direita

Cada tentativa é válida somente se for executada na ordem correta. Caso o arremesso falhe, o arremessador recupera a bola e passa para o jogador localizado na ponta esquerda. Todos executam um rodízio em direção ao passe. Vence quem cumprir todas as etapas.
Variações: Usar duas bolas para acelerar o passe e arremesso; Incluir outros alvos (arcos, caixas, coletes pendurados na trave); incluir obstáculos para driblar antes de passar a bola; cone deitado exigindo um salto por cima do mesmo, executando arremesso em suspensão; colchões para fazer o arremesso em queda; usar outro espaço para incluir maior número de equipes.

Para o sofrido goleiro, vamos incluir um exercício que estimula o uso de pés e mãos na interceptação da bola

- Barreira: cada equipe divide-se em três linhas, sejam elas uma linha de goleiros, uma linha de meio e uma linha de ataque. A linha de defesa se desloca sobre a linha da área, a linha de meio sobre a linha de 3 metros    do voleibol (por exemplo) e a linha de ataque na linha de funda da quadra de voleibol. 
Observação: a ocupação das linhas pode variar de acordo com o tamanho da quadra, para criar outras distâncias, basta desenhar com giz.


O objetivo é marcar gols do lado oposto e impedir a marcação de gols adversários. Para tanto, a interceptação da bola pela defesa poderá valer-se do corpo todo, com restrição de deslocamento entre as linhas de cada barreira. Caso a bola permaneça em uma região neutra, um jogador da defesa tem preferência em recuperar a bola e passá-la, desde que o faça na linha a que pertence. No caso de gols, as barreiras devem trocar de lugar, no sentido defesa --> ataque.
Variações: permitir todo tipo de passe; passes quicando no chão; a bola passa por todos de cada barreira antes de ir ao ataque; as linhas de ataque também podem jogar nas linhas laterais; os arremessos devem ser apoiados; os arremessos devem ser em suspensão etc.

Guardei a questão do ritmo trifásico para a última postagem de atividades. Vamos construir essa regra importante junto com os alunos para evitar aquela situação de vê-los contando UM, DOIS, TRÊS durante o jogo... Também vamos falar um pouco da tática no jogo e como ensinar.

Abraços a todos e bom final de semana, até a próxima!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Mãos em jogo - propostas no handebol III

O estudo de uma modalidade coletiva não tem muito segredo quando entendido a partir das relações dos elementos presentes: o jogador, a bola (implemento), companheiros de equipe, jogadores adversários e o espaço de jogo (incluindo os alvos). A complexidade aumentando conforme o desenvolvimento do tema!


Foi assim quando tratamos de basquete, vôlei e futsal, não será diferente no handebol! Mas vamos trazer algumas novidades para agitar e motivar ;) A única ressalva que faço é com relação à aplicação das regras específicas da modalidade oficial. Muitas vezes é nesse preciosismo esportivo que uma modalidade não cai no gosto das pessoas, o envolvimento inicial morre na cobrança exagerada de aprender que só são permitidos três passos ou não se pode nem pisar a linha da área!

Aula 2 - Passe e Drible

Embora as situações não fiquem assim tão separadas, vamos explorar possibilidades em passar e driblar no handebol.

- Donos da rua: 

Organização - dividir um espaço com uma linha central. O grupo é dividido entre pegadores, postados na linha central do campo de jogo, e atravessadores, localizados nas extremidades do campo, sem uma proporção fixa: mesmo número, superioridade, inferioridade, um contra todos... 
Desenvolvimento - A metade de cada lado deve tentar passar pelos pegadores com a bola dominada (segura nas mãos ou em drible). Permitir a criação das estratégias que forem consideradas mais adequadas para tentar superar os pegadores do centro e chegar ao lado oposto, o ao que deverá ser devolvida a bola com um passe.
Variações - O jogador que tenta atravessar é interceptado (tocado) e deve retornar ao local inicial; O jogador tocado troca de papel com o pegador; A bola pode ser passada, sendo que somente o jogador em posse da mesma poderá tentar atravessar e/ou ser pego; A travessia só pode ser realizada por meio do drible; O passe que devolve a bola deve ser feito no alto; O passe que devolve a bola deve ser feito com um quique no chão; O pegador que conseguir interceptar a bola troca de papel com o último a tocá-la; aumentar o número de atravessadores; aumentar o número de pegadores, dentre outras possibilidades.

- Bola no pivô

Organização - em espaço delimitado, determinar duas áreas restritas onde somente um jogador poderá permanecer. Duas equipes serão divididas e iniciam o jogo do lado oposto ao seu representante isolado na área (pivô).
Desenvolvimento - A equipe com a posse da bola busca trocar passes para que o pivô a receba, marcando um ponto. Os jogadores podem se movimentar por todo o espaço da quadra, com exceção às áreas restritas. A determinação de proibições no jogo pode ser feita no desenrolar da atividade, de acordo com situações que exijam uma reflexão por parte dos jogadores.
Variações - Os jogadores não podem se deslocar com a posse da bola; os jogadores podem se deslocar por meio do drible; só será permitido deslocar-se por meio do drible e segurar a bola uma vez; exigir determinado tipo de passe; permitir todo tipo de passe; o jogador com a posse da bola pode executar um número de passos; o pivô permanece sobre um local elevado como banco, cadeira, medicine ball (maior precisão); aumentar o número de pivôs, dentre outras possibilidades.

Equipes dispostas, Vermelho com a posse da bola objetiva trocar passes para que a bola chegue ao seu pivô, localizado dentro da área, Azul tentando recuperar a bola e impedir que chegue ao pivô adversário

O importante é que a definição dos movimentos citados na aula anterior apareça. A determinação do que pode ou não pode através dos fundamentos básicos de jogo será coletiva e situacional, conforme aparecerem nos jogos. Por meio de variações, uma das atividades poderia ser explorada por uma aula inteira sem que se extinguissem as possibilidades. Neste momento, vamos reservar o foco e deixar alguma lenha para queimar nas próximas postagens!

Volto na semana que vem com a continuação da série. Bom feriado a todos, abraços e até a próxima!
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