sexta-feira, 25 de maio de 2012

Driblando a "boleiragem" com o futsal III

A sequência dos trabalhos com a modalidade Futsal na escola requer uma parada pedagógica para definir, afinal, do que se trata esse esporte. Valem soluções imagéticas como vídeos e fotos, certamente mais atrativas, ou o usual GLS (giz, lousa e saliva). O importante é construir junto aos alunos o conceito diferenciado em relação ao futebol.

Normalmente, iniciar a discussão pela origem do nome por si só atrai o interesse. O nome foge ao padrão dos outros esportes coletivos mais conhecidos em que a bola vem no nome: futeBOL, basqueteBOL, voleiBOL, handeBOL...

Conforme Vieira e Freitas (2007), as origens da modalidade remontam à adaptação do futebol de campo para espaços fechados pela ausência de espaços para jogar. Duas histórias existem para este fato: o mais provável é a regulamentação proposta por um professor uruguaio que trabalhava na ACM (Associação Cristã de Moços - originalmente, Young Men Christian Association, aquela da música do Village People!)



Fim do momento off-topic, o caso é que a modalidade foi inicialmente chamada de FUTEBOL DE SALÃO em razão dos espaços que ela ocupava. Até mesmo foi criada uma federação internacional, FIFUSA. Quando do surgimento da regulamentação e realização de torneios internacionais, a FIFA interviu no uso do nome "futebol", que seria exclusivo dela, enquanto tecia acordos e reuniões para incorporar a modalidade, até mesmo organizando paralelamente outro esporte semelhante com pequenas diferenças nas regras.

Entre idas e vindas, o futebol de salão passou a ser organizado pela FIFA e o nome foi reduzido para a contração das palavras "futebol" e "salão", chegando ao atual FUTSAL!

Valorizar nesse processo a criação de outra modalidade, diferente em suas características, movimentos de jogo e dinâmica vai trazer questionamentos. Costumo montar um quadro informativo:

FUTSAL

Origem: surgido pela falta de campos de futebol, que era jogado em espaços fechados, por volta dos anos 1930 na América do Sul.

Objetivo: Acertar a bola na meta adversária um maior número de vezes que os oponentes.

Movimentos fundamentais: (aqui vão exemplos, dados pelos meus alunos) Passar a bola, Receber a bola, Driblar, Chutar, Cabecear, Defender (goleiro), Roubar a bola.

Jogadores por equipe: 5 em quadra, sendo 1 goleiro, 7 reservas.

Regras básicas: Proibido o uso de mãos e braços, a não ser pelo goleiro dentro de sua área de meta. As partidas oficiais são disputadas em dois tempos de 20 minutos cronometrados. O início e reinício após a marcação de gols são feitos com tiro de saída no meio da quadra, a reposição de bolas que saem pela lateral é realizada com tiros laterais e a reposição de bolas que saem pelas linhas de fundo pode ser realizada com arremessos de meta ou tiros de canto.

Quadra:


Aqui temos informações básicas que permitem aos alunos apreciarem a modalidade minimamente. Não temos como objetivo formar atletas ou profundos conhecedores do futsal, até porque o tempo é escasso e os grupos quase sempre heterogêneos. Daqui pra frente, estaremos nos dedicando a exercitar os movimentos e organização do futsal. Abraços a todos e até a próxima!

Referências

Vieira, S. Freitas, A. O que é futsal? Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2007.
Confederação Brasileira de Futsal. Disponível em: http://www.futsaldobrasil.com.br/2009/cbfs/index.php. Acesso em 24/05/2012.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Driblando a "boleiragem" com o futsal II

Possibilidades! Nada melhor de se falar em uma sexta-feira de tempo aberto como essa...

O futsal torna-se opção pelas coisas que enumerei na postagem anterior e também porque inclui alguns condicionantes específicos ao movimento. É um contraste muito grande: em um grupo, torna-se tão comum a prática que abordá-la na escola pode ser enfadonho e chato. Para uma maioria, as poucas e raras oportunidades de experimentar uma bola no pé já cria um quadro desmotivante e a insegurança de realizar as tarefas de aula é influenciada também pelo time dos boleiros.

Mas nada de desistir ou passar para outros conteúdos. Do que tenho observado, precisamos de momentos em que o foco seja dividido e a tranquilidade para perceber-se em movimento seja predominante. Vamos ao que interessa!
Tira a mão da bola, rapaz, deixa ela no pé!

Aula 1 - Primeiros contatos do pé com a bola

Atualmente, percebo que a dificuldade de abordar o conteúdo esbarra em uma formação incompleta nos anos anteriores da Educação Física. Assim, tudo vem mesmo do começo. Chutar de várias e infinitas formas!

- Dividir-se em duplas e trabalhar com a bola no pé. Combinar que nenhuma bola deverá ser segura com as mãos durante esta aula para estimular ao máximo o controle da bola. Somente com uma aplicação regular o aluno perceberá melhor o contato com a bola em chutes, passes e dribles.

- Dividir duas equipes: uma com bola e a outra fora da quadra, sem bola. Os alunos com bola permanecem driblando pela quadra até que o professor dá um sinal e o time sem bola entra para tentar tomar a bola. A equipe com bola tenta levar a bola para dentro de um gol e os de fora para outro. Exercitar o drible com rapidez e proteção de bola. Variar a quantidade de bolas, quantidade de integrantes de cada equipe e o local que será usado como alvo.

- Limpeza de quadra: duas equipes posicionadas cada uma em sua metade. Metade das bolas será deixada em cada lado. Os jogadores se posicionarão em suas respectivas linhas de fundo e, ao sinal, enviarão as bolas ao outro lado durante o tempo determinado. O professor dará outro sinal para encerrar a atividade e contar o placar de bolas em cada lado da quadra. Variar o alvo dos chutes que "limpam" a quadra, valendo as bolas que ficarem dentro do gol adversário.

- Duas equipes, uma posicionada no centro da quadra e outra dividida nos dois lados, com um número de bolas. Ao sinal, tentam acertar os colegas no meio, contando os acertos. Estimular o direcionamento dos chutes e passes, para perceberem que não compensará tanto a força, pois chutes errados irão parar longe e farão a equipe perder tempo.

Pode-se pensar que com poucas bolas não é possível. Mas todas as atividades também podem ser realizadas com somente uma bola, com adaptações que certamente o professor é capaz de fazer de acordo com sua realidade. Concordo com a maioria das dificuldades apontadas pelos colegas em conversas e comentários aqui deixados, durante a aula a resolução de conflitos tem tomado muito tempo das aulas e a individualidade atrapalha o desenvolvimento da habilidade de compartilhar seus saberes e conhecimentos para contribuir na formação dos colegas. Mesmo diante desses contratempos, o estímulo do jogo pode auxiliar na transformação de pré-conceitos e a criação de uma identidade social. Abraços a todos e até a próxima!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Driblando a "boleiragem" com o futsal I

Chegou a sexta-feira e estou iniciando uma nova série de postagens. Escolhi esse título curioso porque o trabalho com futsal na escola, muitas vezes, cai na mesmice de uma bola, dez em quadra e vale-tudo! Chutar uma bola é quase uma atitude involuntária como respirar! Duvido que alguém nunca tenha chutado uma pedra ou latinha na rua...

Nesta idade, uniformizados, arbitragem, treinamento... Para quê?
Créditos: 
http://www.futsalpaulista.com.br/img_2009/port_cor_chup_01.jpg

O complicado é justamente essa massificação do ato envolvido, o qual tem significados diferentes de acordo com sua utilização e aplicação dentro de modalidades esportivas. A mídia insiste no futebol como paixão nacional, valorizando o espetáculo e estabelecendo um padrão de prática distante para uma imensa maioria dos alunos que gostam de jogar. Pela própria estrutura física da escola, o futsal é mais adequado que o futebol e entender as diferenças entre os dois esportes torna-se secundário perante a identificação de intenções direcionadas ao rendimento e não à participação.

Vejo muitos casos em que o trabalho com futsal, principalmente em turmas de treinamento na escola, resume-se ao "coletivo". Mesmo a divisão das equipes é feita pelos alunos e isso não garante condições iguais de participar. Discordo de quem faz esta opção, sejam quais forem os motivos. Discordo como educador e cidadão. Prefiro um esporte recreativo, divertido, no qual jogar bem, mal e mais ou menos não tenha qualquer relevância. Que importe mesmo o jogar!

Nas próximas semanas, algumas sugestões e reflexões para ensinar futebol a todos, ensinar futebol bem a todos, ensinar mais que futebol a todos e ensinar a gostar do esporte (FREIRE, 1998). Abraços a todos, ótimo final de semana e parabéns a todas as mamães!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Malhando em Maio

Boas! Por pura falta de organização, a sexta-feira que passou ficou em branco. Estive atolado de afazeres que permiti acumularem-se ao longo dos dias, não dei conta de tudo em minhas manhãs de tempo livre.

Não lamentarei tanto porque não tinha muito sobre o que discorrer antes, mas hoje voltei da escola refletindo um pouco sobre tudo aquilo que venho tratando como AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA. A atribuição de desenvolver as atividades pedagógicas neste componente curricular é de responsabilidade indivíduos licenciados em cursos superiores de Educação Física, meu caso. Caso de muitos por aí, inclusive. Mas o leitor deve estar se perguntando onde é que pretendo chegar com essa falação sobre o óbvio?

O fato é que não estou feliz com o andamento de minha atividade docente. Embora esteja caminhando com conteúdos e atividades, não observei efetividade no primeiro bimestre, constatação nas produções avaliativas dos alunos dos sextos anos. Dois meses e pouco mudou no entendimento deles a respeito do mundo do movimento... Concluo e informo: "Houston, we have a problem!"

O canal de comunicação anda falho. A famosa predileção pela Educação Física é algo completamente superado e o diferencial "fora da sala em movimento" também não tem sido atrativo. Por vezes, percebo em mim certo cansaço e frustração além do comum para as diferenças entre REAL e IDEAL. Nem mesmo para mim ando causando boa impressão...

Alguns degraus conquistados... Não quero descer e minhas pernas já alcançam passos maiores!

Um dia sonhei com a LUDocência a pleno vapor, transformando olhares, ideias e permitindo que aqueles projetos de gente, donos de alguns pensamentos e prontos para experimentar de tudo, conseguissem crescer um pouco melhor usando aquilo que viam nas aulas de Educação Física. Não questiono a influência que ainda posso ter, mas sim a viabilidade das opções que faço e venho fazendo. O mês de MAIO vai ser data-base nesta revisão do professor que eu sou e ainda posso ser. Aquele recém-formado de 2008 sabia que podia ser melhor...
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