sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sacando o voleibol VI


Uia, essa série está longa, bastante conteúdo, já chegamos na sexta postagem. Acredito que seja um reflexo da domínio motor mais complexo, então as situações de experimentação devem ser em abundância, sem falar na dinâmica inversa em relação às outras modalidades: enquanto o jogador de basquete procura reter a bola para que seu time atinja seus objetivos, o jogador de vôlei a todo momento envia a bola para a outra equipe, para o outro jogador...

Mais uma vez, vou me perdendo nas divagações!

A lapidação desta nossa sequência vai encontrar dois momentos hoje: jogos e exercícios para experimentar o ataque (conjuntamente ao saque por cima). Serei breve - na medida do possível ;) - ao abordar esta parte. Semana que vem, o posicionamento de rodízio e, por fim, uma sugestão de avaliação e outras referências para os interessados.

Aula 5 - Giba neles!

Pensando na escola, nunca tem bola para todos. A alternativa é criar materiais de fácil acesso quando preciso. Para essa aula, bolas de meia ou mesmo de papel dão conta, o ideal seriam bolinhas pequenas de borracha ou (sonho!) bolas de tênis.

- Para aquecer: em duplas (trios/quartetos/...), cada aluno deverá segurar a bolinha na mão e lançá-la ao próximo colega com o braço estendido acima da cabeça. Uso dos braços direito e esquerdo. O uso da bolinha visa facilitar o trabalho de coordenação do braço em extensão, importante para que sejam capazes de perceber o encadeamento de força tronco-ombro-cotovelo-punho-bola.

Videogame: Esse jogo eu conheci através de treinamentos feitos como instrutor do SESC com o professor Abel Ardigó. Vou adaptá-lo ao contexto da postagem, mas pode ser usado para outras aplicações, não só no vôlei.

Com a rede montada, serão colocados em cada metade de quadra 6 colchonetes (podem ser substituídos por demarcações de giz, tapetes, caixas), seguindo aproximadamente o formato das posições de rodízio. Os alunos serão divididos em duas equipes, lançando as bolinhas do fundo para acertar os alvos do outro lado da rede. A equipe que consegue acertar determinado número de bolinhas no primeiro alvo, tem o direito de substituir o alvo por um aluno, que deve receber a bolinha, e assim por diante, até termos 6 pessoas na quadra. Lembrando que o lançamento da bolinha deve ser especificamente com o braço estendido, como um ataque ou saque por cima.

Existem variações mais simples com o saque por baixo, com o toque ou manchete, tipos diferentes de bolas etc.

Outro jogo!

Paredão: Acredito que em algum lugar no espaço livre deve existir uma parede útil. Divida os alunos em duas ou mais colunas, de acordo com o tamanho da parede, ou ainda de acordo com o número de paredes disponíveis. Um a um, os alunos de cada coluna alternarão ataques da bola contra o chão de maneira a fazer com que ela bata na parede, voltando, enquanto o aluno da coluna ao lado dá continuidade. A coluna que erra o ataque (bate direto na parede, volta e cai antes da linha das colunas, bate para o lado errado), cede o ponto.

As variações consistem no movimento usado (que pode ser aquela rebatida inicial com uma das mãos, manchete, manchete antes de um toque, manchete antes do ataque) na bola ou ainda com alvos mais precisos: uma linha acima da qual a bola deve tocar a parede, uma linha que deve ser superada pela bola atacada etc.

A exploração desse movimento é um pouco mais complicada, o tempo da aula talvez não seja suficiente, mas os alunos que se interessarem já conseguiram algumas dicas para tentar.

Por hoje é só. Abraços a todos!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

XI Seminário de Educação Física Escolar


Neste final de semana, entre 25 e 27 de novembro de 2011, acontecerá na Escola de Educação Física e Esporte da USP o XI Seminário de Educação Física Escolar. Já me organizei para participar das palestras, espero que traga novas reflexões para minha atuação!

Sempre gosto de eventos como esses, ver o que as pessoas andam pesquisando, porque acontecerá também uma exposição de pôsteres, ouvir estudiosos tratando da escola, da Educação Física... Essa correria anda me deixando meio distante do pensamento organizado, então uma reaproximação da academia não faz mal a ninguém.

Ainda volto com a postagem dessa semana, dando continuidade ao Vôlei! Na semana que vem, o encerramento da série Sacando o Voleibol e também os relatos do evento. Abraços a todos!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sacando o voleibol V

Saudações! Por acaso, após fazer a diária verificação de acessos ao blog, busquei o título desta série no Google e acabei encontrando um trabalho publicado chamado: "Sacando" o voleibol : do amadorismo a espetacularização da modalidade no Brasil (1970-2000), tese de doutorado publicada pelo Prof. Dr. Wanderley Marchi Junior em 2001, na UNICAMP. Posteriormente, o texto foi publicado em livro, de mesmo nome. Faço aqui o devido registro com relação ao uso do título, pois desconhecia o trabalho do colega, mas vou seguir com as postagens nesse assunto para facilitar a organização, além de construir um padrão de nomenclatura para estas séries (veja Pedagogia do Basquetebol - Encestando Novas Possibilidades).

Chega de enrolação!

Com o foco no saque, conseguimos adentrar o complexo mundo dos fundamentos do voleibol. Aos alunos, parecia um bixo de sete cabeças, mas espero que neste momento tudo já esteja mais próximo. Esta aula vai de encontro à necessidade de um jogo contínuo, que exige o uso do corpo para rebater a bola e mantê-la no ar = em jogo.

Aula IV - Toque, Manchete, Defesa e afins

Certamente, vários alunos terão experiências de jogadores e expectadores. O modelo de movimento percebido inclui a manchete e o toque, fundamentalmente. Se esse conhecimento não os auxilia ao selecionar o uso do corpo durante o jogar, as atividades vem suprir esse objetivo. O começo é bem paradão, eu ainda procuro maneiras de deixar menos analítico, e escrever essas dinâmicas tem me ajudado a rever alguns pontos.

- Duas colunas frente a frente, um aluno com a bola faz um lançamento em direção ao colega, de modo a fazer a bola chegar à altura do tronco, entrando no fim da fila para onde lançou a bola. O segundo executa uma manchete para devolver a bola à outra fila e se dirige ao final da fila para onde enviou a bola. Repete-se o mesmo para o toque!

- Manter as posições, chamando os lançamentos à direita e à esquerda da fila, exigindo um movimento mais lateral, que pode (deve!) incluir deslocamentos para se posicionar em relação à bola. Repete-se o mesmo para o toque!

É comum que alguns reclamem de dores nos braços pelo contato com a bola. Escolha bolas mais macias, se houver. Na faculdade, me recordo do professor na disciplina de Pedagogia do Voleibol propor o uso de bexigas dentro de capas de tecido redondas, no formato da bola, menos traumático, fica a dica ;)

Lembra do Ping-Pongão? (Veja Sacando o Voleibol III) Ele pode ser usado aqui também!! Basta pedir que os alunos usem os dois braços em suas rebatidas. Permitindo um quique da bola no chão, peça o uso da manchete para levantar a bola e o toque para enviá-la ao outro lado.

- Ping-Pongão: O jogo consiste em uma disputa de pontos na qual o objetivo é fazer com que a bola toque duas vezes a metade da quadrinha adversária, cada jogador deve rebater a bola em direção ao campo adversário depois que a bola toque uma vez o chão da sua metade. Com o desenrolar da proposta, eles vão ficar craques! Tire o pingo e proponha o jogo somente pelo alto, mas ainda com a rede construída nos cones, usando os três contatos permitidos com a bola. Aí, fica a critério estabelecer as regras: a mesma pessoa faz 3 contatos, devem ser 3 pessoas diferentes, somente manchete, para passar deve ser feito o toque, não pode ser passada com somente um toque...

O jogo do Resgate, da postagem anterior (Veja Sacando o Voleibol IV), também volta, agora com uma modificação!

- Resgate: Cada uma das equipes ocupa uma metade da quadra. Um dos integrantes de cada equipe vai ao fundo da quadra oposta de posse de uma bola. Sua função será sacar para que algum de seus colegas segurem a bola diretamente - sem deixar tocar o chão - e possam sair da quadra, juntando-se a ele no fundo para sacar e retirar o restante da equipe. Vence a equipe que "resgatar" todos para fora da quadra com maior velocidade. A mudança aqui é a exigência de recepcionar a bola rebatendo (toque, manchete ou outra maneira), sendo executados 3 contatos com a bola: o primeiro rebatido, segundo e terceiro passados (segurando a bola). O terceiro jogador a tocar a bola é "resgatado". Incremente conforme for ficando mais tranquilo, aumentando o número de passes rebatidos para dois ou três.

Entendo que, ao final dessa aula ou mesmo da anterior, já é possível permitir um momento de prática mais livre, com equipes jogando. Ainda é o começo e eles sentem certa insegurança em tentar recepcionar a bola, se sentem inibidos em usar alguns movimentos. Nada de instruir com relação a rodízio AINDA, nem posicionamento, deixe isso para os próximos momentos! Novamente, só garanta a participação de todos os que quiserem jogar e não permita que os mais "espertinhos" sobressaiam no jogo, excluindo quem ainda está num outro ritmo. No mais, solte a bola, eles estarão doidos pra começar a colocar em prática o que andam fazendo :D


Estou meio apertado com a pós (e olha que é EAD!), mas as postagens seguem normalmente toda sexta-feira. Não perca o restante da série... Abraços a todos!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sacando o voleibol IV

Saudações! Conforme as outras postagens nessa série sobre voleibol (confira Sacando o Voleibol I - II - III), o primeiro passo para trazer o voleibol ao gosto dos alunos é possibilitar que eles entendam o que é rebater e consigam fazer isso individual e coletivamente.

Agora, as atividades podem apresentar recursos de movimento mais tradicionais à modalidade e também necessários para o decorrer do jogo. Hoje ficaremos com o saque!

Aula III - Saque

Dispondo de várias bolas, inicie o trabalho em duplas. Caso tenha poucas bolas (não necessariamente de vôlei, afinal variar o tamanho e peso vai contribuir bastante!!), organize várias filas frente a frente.

- O primeiro exercício objetiva se apropriar do saque por baixo, explicando que deve ocorrer com uma das mãos para se diferenciar da manchete (e ocorrer num toque só). Permita que eles explorem diferentes maneiras de sacar em direção ao colega que esteja na outra fila (ou sua dupla). Ofereça opções a quem ainda não está conseguindo direcionar a bola, posicionando a mão com punho fechado ou aberta. A posição do corpo ajuda bastante, observe se o tronco está flexionado em direção à bola, uma perna a frente em oposição ao braço que rebate a bola, dicas que irão ajudar os alunos que não descobriram como fazer a bola chegar ao colega do outro lado, que deve segurar a bola e realizar o saque de volta a outra fila.

Conforme forem "sacando", trocam para a fila que recebeu seu saque.

- Esta mesma dinâmica, se já estiver correndo legal, pode ser feita com as filas uma de cada lado da rede, com aumento gradual da distância entre elas até chegar ao fundo da quadra.

- Saques no corredor: demarque linhas a cada 1,5 metro na quadra de vôlei. Divida a sala em duas equipes (o jogo comporta, inicialmente, 24 alunos, mas pode ser adaptado para ter mais pessoas e mais equipes) e peça que em cada extremidade de linha esteja um jogador da equipe (exemplo: equipe 1 à direita ocupa todas as demarcações e nas extremidades da linha à esquerda estarão os componentes da equipe 2). Usa-se duas bolas, uma para cada equipe e que começam com os jogadores próximos da rede. Estes devem sacar para quem estiver na linha correspondente à deles no outro lado da rede, que recebem a bola (seguram) e sacam para a linha mais posterior do outro lado da rede, que recebe e saca a seu correspondente, seguindo assim até que a bola chegue ao último integrante da equipe. Marca o ponto a lateral que conseguir sacar corretamente todas as bolas com maior velocidade.

Dinâmica do jogo "Saques no Corredor" com a ordem de saques

- Resgate: Esse jogo é muito bacana porque pode ser usado em qualquer modalidade esportiva, não há limite de participantes e as variações são incontáveis.

Cada uma das equipes ocupa uma metade da quadra. Um dos integrantes de cada equipe vai ao fundo da quadra oposta de posse de uma bola. Sua função será sacar para que algum de seus colegas segurem a bola diretamente - sem deixar tocar o chão - e possam sair da quadra, juntando-se a ele no fundo para sacar e retirar o restante da equipe. Vence a equipe que "resgatar" todos para fora da quadra com maior velocidade. Mais para frente, usaremos esse jogo novamente...

Obviamente, existe também o saque por cima, mais bonito e mais plástico. Deixaremos para abordar possibilidades relacionadas quando chegarmos ao ataque, semelhante no aspecto motor. Caso existam alunos que já consigam executar outras formas de sacar que não somente a por baixo, incentive que as usem e contem aos colegas como também o fazer.

Até a próxima, abraços a todos!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Novas Visitas

Essa postagem é extraordinária para agradecer as visitas vindas do curso de formação docente da rede estadual de São Paulo. Um dos tutores divulgou meu link onde falo a respeito do trampneu no fórum e tenho recebido muitas visitas de todos os cantos do território paulista. Não se façam de rogados, sintam-se à vontade para visitar essa e outras páginas do blog, tem muita coisa para compartilhar, só esperando alguém com vontade de ler e contribuir. Podem deixar seus comentários!!

Fico feliz que este professor possa ajudar seus colegas de atuação e espero que vocês continuem acompanhando o LUDocência. Abraços a todos!

sábado, 5 de novembro de 2011

Sacando o voleibol III

O contexto já se tornou mais próximo dos alunos e eles agora vão conseguir relacionar as informações com aquilo que já viram ou conheceram a respeito do vôlei. No entanto, é batata: coloque a rede na quadra, divida duas equipes e o jogo não sai. Os alunos tem a imagem do que é uma manchete, mas não conseguem que ela seja útil. Vem os jogadores na TV usando duas mãos acima da cabeça e passando a bola com precisão, mas o que conseguem é dar um tapa na bola sem qualquer controle.

A experiência de rebater é, cada vez mais, menos oferecida dentro das possibilidades esportivas, geralmente reduzida ao futebol e queimada. É preciso iniciar a conversa a partir do movimento que eles tem como possível. Esse diálogo é meio complicado, com certeza os alunos irão argumentar que querem mesmo é jogar sem interrupções, que eles sabem jogar (e alguns saberão, estes acabam jogando sozinhos ou cobrando dos outros algo que ainda não são capazes de oferecer do ponto de vista motor) e é chato. Brinco com meus alunos que eu, nesse caso, tenho como função ser chato para levá-los além do que já conhecem!!!

Aula 2 - Os princípios do rebater

Inicialmente, dispondo de várias bolas, distribua os alunos em duplas e peça que eles, frente a frente, procurem rebater a bola em direção a seu colega, permitindo diferentes maneiras de uso das mãos (outras partes do corpo também podem aparecer, como ombro, joelho, coxa, cabeça, são não dou muita abertura aos pés porque daí pro chute e bola rolando no chão, um passo, dispersão e já era), assim como liberdade no número de vezes que a bola pode bater no chão.

Peça, então, que eles usem dois toques: uma rebatida para o alto e um segundo toque para passar a bola ao colega. Aqui, são muitas as possibilidades... Passemos a uma alternativa que eu sempre aplico, não sei se posso dizer que criei, mas certamente apropriei!

Atividade: Ping-Pongão
Material: Bolas de tamanhos variados, cones, cordas, giz

Usando as linhas da quadra, você pode demarcar quadrinhas, onde dois cones ficam nas extremidades laterais, dividindo o campo na metade, com uma corda passando entre os dois cones.
Caso os materiais estejam escassos, um giz dá conta do recado! Só demarcar a quadrinha, quem sabe um banco ou cadeira sirva de "rede" e pronto... Se tiver poucas bolas, siga o texto para alternativas viáveis ;)

O jogo consiste em uma disputa de pontos na qual o objetivo é fazer com que a bola toque duas vezes a metade da quadrinha adversária, cada jogador deve rebater a bola em direção ao campo adversário depois que a bola toque uma vez o chão da sua metade. Permita o que for aparecendo de solução para o problema inicial de rebater, depois vá orientando no que for preciso e estabeleça regras que se tornem necessárias com o passar das disputas (o que acontece muito é a finalização de cima para baixo, que torna o jogo desmotivante, acabo aplicando uma regra de que a bola deve ser rebatida de baixo para cima. Também ocorre a situação de os alunos usarem muito a mão aberta e perderem força e direção, defino que só será válido o toque com a mão fechada ou lateral das mãos).

O 1 contra 1 desinibe a grande maioria dos alunos que não tem muita afeição pelo esporte, estes podem se apoiar nos colegas mais chegados e ir tomando contato de maneira tranquila com o aspecto motor do jogo. O desenrolar é natural, além de solução para quem tem poucas bolas: junte duas duplas e coloque para jogar, depois uma quadrinha contra a outra em um espaço maior. No fim, você terá duas equipes grandes jogando.

Quer oferecer mais? Percebendo um envolvimento bacana, vá inserindo uma cara de vôlei no que já estiver acontecendo: peça que a equipe troque dois passes antes de enviar a bola ao outro lado da rede, depois três toques. Obviamente, estas últimas variações são válidas se o grupo for se soltando. No mais, vá economizando propostas para as próximas aulas!

Nas próximas postagens, seguiremos com situações e propostas para o desmembramento do jogo em seus pormenores motores (saque, manchete, toque, ataque, bloqueio), os aspectos organizacionais (rodízio e posicionamento) e uma contextualização que aproxime o tema do cotidiano esportivo e social.

Ufa! Por hoje é só. Abraços a todos e obrigado pelas visitas! Deixem suas impressões registrada em comentários.
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