sexta-feira, 28 de junho de 2013

Recortes para estudo I

Boas! Estou trazendo um novo tipo de postagem com alguns comentários a respeito de notícias rolando por aí, fatos que ocorrem durante minha atuação e outras novidades que valham comentários. Neste texto, a movimentação política nas ruas brasileiras, o final de semestre na escola e o mês das festas folclóricas!

FOI PRA RUA. MAS FOI POR QUÊ?

Um mês marcado por diversas manifestações em todo território nacional, dezenas de milhares de pessoas encontraram em si mesmas uma justificativa (ou na exposição que a atitude ganhou nas redes sociais) para sair às ruas e reivindicar junto ao poder público a resolução dos problemas causados pela negligência das sucessivas más gestões em todas as áreas.

Embora seja defensor da formação política, do poder da informação e principalmente da criticidade a respeito do mundo em que vivemos, é preciso entender que esta compreensão precisa ser exercitada através da reflexão sobre nossa atuação cotidiana. A saída para protestar é válida, mas precisa ter argumentos consistentes e motivos definidos. Caso contrário, a multidão só funciona para esconder arruaceiros e vândalos camuflados entre aqueles que lutam por um amanhã melhor.

Que a juventude consciente permaneça alerta e encontre também na escola um espaço para expressar seu inconformismo e, principalmente, informar-se. A melhor arma para lutar por um futuro melhor é o conhecimento.

FINAL DE SEMESTRE COM JOGOS NA ESCOLA

Acho bem interessante a realização de eventos na escola para encerrar as atividades semestrais antes das férias. Uma vez que os prazos de elaboração e entrega de notas/frequências sempre são antecipados, melhor usar o tempo para uma atividade diferenciada que mobilize a participação dos alunos e desenvolva outras habilidades.

Inspirado pelo livro "Os Jogos da Minha Escola" (Castellani, 2009), implementei um protótipo de criação de eventos em que se valorize a participação dos alunos, não só como jogadores, mas também na sugestão, elaboração e condução das atividades. Embora o tempo tenha se tornado escasso e os alunos apenas tenham sido apresentados à ideia e sugerido as modalidades, isso foi considerado no programa final do evento.

A concepção ficou restrita à disputa em jogos de três tipos: jogo de tabuleiro (damas), jogo de raciocínio (stop!) e jogo físico-esportivo (queimada). Regras em consenso, também sugeridas pelos alunos, disputas por turma entre sextos anos e sétimos anos com oitavos anos. Embora ainda precise desenvolver mais a ideia, criando formas de participação e estabelecendo a presença de todos com atividades, fica uma primeira tentativa que funcionou e pode melhorar. Só atrapalha um pouco a sobrecarga na organização, como sempre alguns professores acreditam que este é um momento de responsabilidade  SOMENTE da educação física. Agradeço muito o auxílio de meus colegas no La Fortezza!

QUADRILHAS, DANÇAS E FESTA, MUITA FESTA!

Junho e julho são meses de manifestações folclóricas riquíssimas, embora ainda se insista no estereótipo caipira do roto, trabalhador rural desprovido de cultura e pobre financeiramente. O cultivo das tradições das festas juninas e julinas nos remete a um tempo em que a vida nas cidades era exceção e o convívio do ambiente rural fosse amplo nessas festas muito ligadas ao religioso: festejos dos santos comemorados em junho, agradecimentos a Deus pela produção das colheitas e também pela vida! A dança era a expressão do corpo através da música em sentimentos, acompanhada das sanfonas e violas, transformando o que vinha de fora numa apropriação de movimentos e combinações que hoje chamamos de "quadrilhas juninas", cuja realização movimenta multidões, principalmente na região Nordeste.

Hoje a tendência é incluir danças e ritmos que já não estão ligados a esse início, descaracterizando e trazendo outros motivos para essas festas. Alimentos industrializados como cachorros-quentes e refrigerantes imperam e a festa tornou-se produto comercial. Ainda é tempo de valorizar a cultura rural, suas origens e contribuições e, principalmente, as tradições de dança, música e conhecimento que tanto ajudaram na construção do nosso país. Hoje participo da festa do SESC Vila Mariana e teremos a apresentação de um grupo de catira, catira essa que fez parte da infância do meu pai, que aprendi a apreciar e valorizar como manifestação a ser ensinada e cultivada. Teremos também a quadrilha, puxada muitas vezes por meu pai quando tínhamos uma escolinha infantil e que eu já tive minhas chances de tentar animar o pessoal! Hoje um pedaço dessa megalópole vai experimentar um pouco do que era comum algum tempo atrás, uma festa para valorizar o convívio das pessoas e permitir a expressão de alegrias!

Ficamos por aqui com os primeiros recortes e comentários, em breve mais novidades virão. Já adianto que a partir de 15 de julho entrarei em férias e o blog também ficará sem postagens. O retorno em agosto promete!

Abraços a todos e até a próxima!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Jeitos de Fazer, Fazer de que jeito?

No dia 21 de maio, fui convidado para participar da disciplina EF722 Educação Física Escolar - Ensino Fundamental na Faculdade de Educação Física da UNICAMP, onde me formei. Foi muito prazeroso retornar a casa onde me formei como profissional e cidadão para falar sobre meu trabalho na rede estadual de ensino.

Além deste que vos escreve, estiveram presentes também outras duas professoras. Eu participei nas duas ocasiões, período integral e noturno, enquanto cada professora proferiu palestra em um dos horários. Caso fosse possível, tenho certeza que seria ainda mais rico ouvir todos juntos, dada a diversidade das realidades e maneiras de ensinar Educação Física.

De minha parte, pude aprender muito ouvindo colegas explicando o que fazem, como fazem e, principalmente, porque fazem. Iniciei em 2013 meu quinto ano de docência e percebo minha didática baseada nos princípios conhecidos ainda na faculdade e ampliada no cotidiano escolar. No fazer diário, nem sempre consideramos que existam infinitas maneiras de considerar determinados conteúdos e nossas opções, apesar de bem concebidas, podem não ser as melhores.


Tenho raízes em uma escola superior que abriga alguns dos autores da obra Metodologia do Ensino de Educação Física, escrita pelo grupo conhecido como Coletivo de Autores, a concepção "crítico-superadora". No entanto, a publicação que mais me chamou a atenção e ainda influencia muito do que faço em meu trabalho, até mesmo pela escolha dela na formulação dos conceitos do currículo da rede, é Transformação Didático-Pedagógica do Esporte, de Elenor Kunz, da concepção "crítico-emancipatória".


Ainda existem concepções como aquela encabeçada pelo professor Go Tani, chamada Desenvolvimentista, e a obra do professor Hildebrant que nos apresenta a concepção de Aulas Abertas. Ocasiões como a que vivi na outra semana mostram que nenhuma delas está errada ou ultrapassada, só tem méritos e vantagens. Ao fazer a opção de ensinar Educação Física baseado em quaisquer abordagens, o professor deve ter sempre consciente uma noção clara do que pretende em relação aos alunos e conteúdos.




A todo momento das palestras ouvidas, pensei em outros jeitos de fazer o que já faço. Vejo que falar sobre cultura (seja corporal, do movimento ou a que melhor se encaixa) é oferecer experiências e fazer experiências, um laboratório do movimento em constante evolução.

Breve reflexão a respeito. Neste mês vou trazer alguns textos sobre Educação Física e tudo mais. Quando chegar em julho, sairei de férias, o retorno em agosto trará as prometidas novidades por aqui. Abraços a todos e até a próxima!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Manifestações de ritmo nacionais - Sem sair da marcação VI

Chegamos ao fim dessa série de postagens sobre manifestações de ritmos nacionais! Para o texto de hoje, trago uma sugestão de avaliação do processo.

Atividade Avaliativa 1

Divida os alunos em grupos (no mínimo 4 integrantes, no máximo 8). Realize um pequeno sorteio das manifestações de ritmos nacionais estudadas entre os grupos. Cada grupo deverá realizar uma breve pesquisa para apresentar ao restante da turma as informações básicas a respeito da respectiva manifestação, bem como elaborar uma coreografia simples, incluindo movimentos caraterísticos e, se possível, figurino. Definir um tempo para cada apresentação, deixando claro que deve ser algo bem prático, que os outros alunos também possam acompanhar.

Fonte: http://portais.seed.se.gov.br/sistemas/portal/noticias_fotos/n5598_1.jpg

Atividade Avaliativa 2

Uma pequena "provinha" com questões relacionadas aos conteúdos desenvolvidos. Fuja das perguntas diretas, optando por elas, sempre exija justificativas para as respostas. Vou deixar uma sugestão de 4 questões!

1 - Cada região do Brasil apresenta manifestações de ritmos diferentes das outras. Explique como surgiram e por que são diferentes entre as regiões.

2 - Associe as  manifestações de ritmos da primeira coluna aos termos dispostos na segunda:

CHULA RITMO ELETRÔNICO
FREVO VIOLA CAIPIRA
FORRÓ LANÇA
FUNK SANFONA
CATIRA SOMBRINHA COLORIDA


3 - Escolha uma manifestação de ritmo da região NORDESTE, conte sua origem, características da dança e instrumentos musicais utilizados.

4 - "As manifestações de ritmos nacionais surgiram há muito tempo atrás e hoje já não aparecem novas danças ou ritmos no Brasil". Você concorda com essa afirmação? Existem danças e ritmos que surgem de outras manifestações de ritmos já existentes? Dê exemplos.

5 - Escolha uma manifestação de ritmo nacional e conte sobre a experiência de conhecê-la e experimentar alguns movimentos, que sensações e significados você encontrou ao dançar este ritmo?


Diria que essa série foi das mais difíceis de escrever. Seja pela falta de proximidade com o tema, confesso, seja pela amplitude de possibilidades existentes no tema... Me esforcei bastante e busquei elaborar um conteúdo de qualidade, espero que tenha sido de bom tamanho. Se alguém quiser saber mais a respeito ou tiver sugestões, dúvidas e reclamações, só deixar aqui um comentário, mandar e-mails, sinais de fumaça. Sabem onde me encontrar =D

Abraços a todos e até a próxima!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Manifestações de ritmo nacionais - Sem sair da marcação V

Boas! Passei por uma séria crise de criatividade nesse período sem postagens... Me faltava ímpeto e motivação, não encontrava mais o que escrever e pensei em alguma novidade que me trouxesse maior compromisso com este blog. Assim, novidades estão por vir!

Em tempo, vou dar continuidade à série sobre manifestações de ritmo.

Vamos discutir um pouco a respeito de ritmos e danças mais contemporâneos: axé music e funk. O principal motivo para serem trazidos é mostrar a evolução dos ritmos ao se misturarem e ressurgirem como novas manifestações para cantar, ouvir e dançar.

Axé Music

Surgida pelos idos de 1980, nas ruas de Salvador, misturou alguns ritmos já existentes como frevo, forró e as guitarras elétricas em uma batida contagiante e dançante que encontrou nos trios elétricos o veículo perfeito para arrastar multidões "pulando que nem pipoca".

Letras românticas, animadas, coreografadas, todas fazem muito sucesso e os intérpretes são aclamados como ídolos, gerando muita disputa pelos abadás usados nos blocos do carnaval e das micaretas (carnaval fora de época). Vale apenas um cuidado com algumas vertentes muito sensuais, o debate a respeito deve ser bem pensado, sugiro ficar apenas com as bem humoradas e leves! Deixo uma sugestão que permite até mesmo a criação de coreografias simples...

Tchakabum - Tesouro do Pirata (Olha a Onda!)
Festival de dança, Colégio São Domingos. 2010. Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=KwHUthF6Tqk


Funk

O funk conhecido aqui no Brasil difere bastante do funk original, nascido nos EUA e mais próximo dos ritmos R&B, soul e jazz. O funk é caracterizado por uma batida rítmica dançante e contagiante, o principal representante do funk "original" foi James Brown.

Para diferenciar desse funk americano, o nome adotado é "funk carioca". Esta manifestação originou-se do ritmo conhecido como "Miami Bass", com batidas eletrônicas e músicas erotizadas, combinado ao "free style", das rimas em frases curtas com duplo sentido, normalmente de conotação sensual, aproximando-se também do "Rap" pela linguagem próxima ao cotidiano das favelas e comunidades pobres onde os bailes aconteciam.

A popularização dos bailes funk, nos quais os ritmos tocados eram o soul e black music, entre os anos 1970 e 1980 chegou aos anos 1990 com alguns artistas funkeiros se apresentando em programas de grande audiência na televisão. Latino, Cidinho e Doca, MC Maluco trouxeram a primeira onda, quando a chegada dos anos 2000 foi conduzida por Bonde do Tigrão, MC Serginho, MC Tati Quebra Barraco, intensificando o alcance do funk como ritmo popular e de coreografias sensuais.

Atualmente, o funk carioca foi declarado "movimento cultural e musical de caráter popular do Rio de Janeiro" e deve ser considerado como manifestação de ritmo relevante junto ao público jovem. Recentemente o ritmo adquiriu  uma vertente batizada de "funk ostentação", cujas letras tratam de carros luxuosos, baladas caras, consumo de bebidas da moda e relacionamentos e originam-se principalmente do estado de São Paulo.

O histórico aqui apresentado é importante para contextualizar a respeito das transformações e combinações que contribuem para o surgimento das manifestações rítmicas, devem ser discutidas com os alunos, assim como problematizadas as letras e coreografias sensuais: Faço porque é o movimento que entendo ser mais adequado para mim ou só reproduzo algo que não possui significado e me coloca em situação constrangedora?

Sugestões de músicas de funk: 


Rap do Silva (MC Bob Rum)


Conquista (Claudinho e Buchecha) - http://www.youtube.com/watch?v=DOZM3L-bkzw
Ela é Top (MC Bola) - http://www.youtube.com/watch?v=OI09qNY3Fng
Tamborzão (MC Koringa) - http://www.youtube.com/watch?v=_4gMJ_1tTr0

Aqui ficamos com o fim das sugestões de trabalho. Escolhi algumas que entendo serem interessantes, mas todas as outras manifestações podem ter seu espaço, depende bastante do tempo disponível e do diagnóstico realizado junto a turma.

Semana que vem trago uma proposta de avaliação neste tema para encerrar a série, finalmente! Tardo, mas não falho! Abraços a todos e até a próxima!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Manifestações de ritmo nacionais - Sem sair da marcação IV

Continuamos a falar de manifestações de ritmo genuinamente brasileiras. Depois de trazer algumas ideias sobre forró e frevo, hoje teremos uma ideia a respeito da chula (RS), catira (SP) e carimbó (PA).

As lanças usadas na chula
Fonte: http://gramadomagazine.com.br/revista/revista1.php?c=75

Chula - dança tipicamente gaúcha, praticada por homens (desde muito tempo, embora os tempos sejam outros) e caracterizada por sapateios, saltos e giros executados ao longo de uma lança colocada no chão e acompanhados pelo toque do acordeão. O surgimento desta manifestação vem da competição entre os homens, desafios de habilidade, agilidade e força que deveriam ser repetidos pelos adversários. A sugestão é deixar a criatividade acontecer ao redor de cabos de vassoura ou o que estiver a mão...


Catira - guarda algumas semelhanças com a chula, talvez pelas mesmas influências europeias: sapateados e saltos de bastante agilidade executados por homens (novamente, novos tempos, ilustrados no vídeo). As diferenças residem no fato de incluir as palmas entre os movimentos coreográficos, acontecer em grupos normalmente dispostos em colunas e no acompanhamento musical protagonizado pela viola. Ocorre em São Paulo, Minas Gerais e também na região Centro-Oeste.


Carimbó - originária do Pará e com traços das culturas indígena e africana, é visualmente marcada pelas saias rodadas das mulheres que fazem movimentos amplos enquanto as dançarinas executam giros.

Dançando Carimbó - Thaís Ibañez
Fonte: http://quadrosthaisibanez.blogspot.com.br/2011/11/dancando-carimbo.html

Homens e mulheres participam dessa manifestação marcada pela percussão forte dos tambores e atualmente influenciada também pelo toque da guitarra e instrumentos de sopro.


Vale reforçar que a apresentação das manifestações de ritmo precisa guardar relações estreitas com a informação a respeito de suas origens, região em que ocorre, vestuário, participação e instrumentos musicais que acompanham. A prática pode ser acompanhada dessas informações e pode estimular uma pesquisa mais específica. Fica a critério do docente definir a que ponto vai conduzir o trabalho, só não devemos deixar de enriquecer as experiências e ampliar os horizontes relacionados ao ritmo, uma vez que a principal influência atualmente fica a cargo da mídia e ela não faz muito esforço para valorizar aquilo que temos de nosso.

Reservo mais uma postagem para trabalhar manifestações de ritmo mais contemporâneas como o axé music e o funk carioca, para então encaminhar uma proposta de avaliação. Continue acompanhando a série. Obrigado pelas visitas, abraços a todos e até a próxima!
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