sexta-feira, 23 de abril de 2010

Do que cultiva-se na escola

Gosto muito de acompanhar as postagens do prof. João Batista Freire e sua mais recente série de escritos trata de ajudarmos a melhorar a Educação Física no Brasil dando aulas melhores a cada dia. Fico pensando sempre em como posso fazer cada dia superar o anterior... Encontro diversas alternativas, aplico a maioria e é bem comum darem certo. Bem comum porque não é sempre que o universo conspira para uma aula melhor.

Muito disso vem da própria construção social que a escola adquiriu de uns tempos para cá... Entendam essa Escola de que falo como a instituição tal qual a conheço e vivo todos os dias desde 2008 (e desde antes, filho de professora que sou!), ou seja, a escola pública. Ali vejo o quanto são pequenos o valor e a ligação que os alunos têm e desejam ter com a escola. Preservar o patrimônio é besteira: paredes, mesas, cadeiras, materiais depredados e em péssimas condições de uso. Transitar de maneira ordenada e saudável é para os bestas: subir nas cadeiras, nas mesas, pendurar nas cortinas, pular muros e outros exemplos piores. Do que falta, muito vem como hábito das casas e do modo como eles se portam fora dos muros da escola. Mas dá para dizer que a escola ajuda?

Repressão, gritos, atos violentos, humilhações, ameaças, suspensões, expulsões, convocações... Falta encontrar a medida entre sociedade e escola para dosar em cada criança e adolescente algo de melhor.

Hoje eu vi que para uma aula melhor ainda é preciso dar aos alunos condições de serem alunos melhores... As noções de cidadania, respeito e consideração que nós damos em sala podem ser pouco, talvez, se pensarmos em um mundo separado da escola (eis um dos maiores defeitos contemporâneos!) que dura e sobressai mesmo quando estamos lá dentro. Diria que hoje é difícil falar que exista cultura escolar, ela é ínfima e fica reservada aos funcionários, professores e gestores da educação. O aluno não enxerga na escola o que vemos.

Agradeceria muito receber comentários! Obrigado pela visita e voltem sempre!!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Experiência e consciência


Valia um post. Aliás, ainda vale, afinal aqui estou eu depois de algum tempo... Pena que aconteça assim, de repente, de quando em quando, queria me beliscar mais vezes para sentar e escrever sobre essas coisas diferentes de sempre.

Essa semana eu me senti bem fazendo o que faço. Talvez eu estivesse sentindo falta da rotina de aulas (estive em greve juntamente com outros professores do estado de SP do dia 12/03 a 08/04), talvez eu esteja falando de algo que eu gosto... Prefiro pensar que aquela maturidade docente, algo de mito (o professor desenvolve uma maneira segura e pessoal de desempenhar sua função dentro de um período aproximado de 3 anos) na carreira, está finalmente acontecendo. Naqueles momentos em que eu percebo que certos procedimentos não vão bem, consigo reformular tudo na hora. Avalio que a mesma atividade não dará certo com todas as turmas, adapto aqui e ali para fazer funcionar. E funciona!

Imagem: Site Revista Nova Escola
Hoje as minhas duas primeiras aulas foram especiais. Normalmente, são sempre as primeiras aulas que dão mais certo... (Nota mental: tema interessante - o espaço-tempo escolar e o aproveitamento dos alunos) Entrei na sala, conferi os presentes, retomamos os conceitos trabalhados nas aulas anteriores, expliquei as atividades, ouvimos e esclarecemos as dúvidas, descemos à quadra e aplicamos os três exemplos previstos anteriormente. Tudo isso com participação, questionamento e ação dos alunos, o que ainda deu direito a um final de aula livre com o "futebol" dos meninos e as preferências das meninas.

A sexta-feira também ajuda, eita dia abençoado de tranquilo... É só ir deixando que ele passa sossegado, gostoso, escorre pelo tempo e logo já estamos no sábado. E o final de semana chega, mas tem segunda-feira de novo depois do domingo. Com o início de uma nova semana, mais chances de continuar melhorando aquilo que faço por gosto.

Antes de ir, deixo a dica para conferirem o blog-tirinha em quadrinhos genial publicado pelo Digo no endereço http://esbocais.blogspot.com Esse menino tem talento! Sem falar que é meu mano caçula preferido ;)

Abraços a todos!

sábado, 3 de abril de 2010

Memórias rodoviárias

Campineiro que sou, não há lugar que eu queira melhor do que minha cidade natal. Aqui vivi, cresci, estudei, me formei e continuo levando minha vida. No entanto, gostar de onde se está nunca é motivo para deixar de sair, conhecer e ver mais do que existe ao nosso redor e faz parte de nosso mundo. Desde sempre, a porta de saída de uma imensa maioria dos habitantes de Campinas foi a Estação Rodoviária Dr. Barbosa de Barros. Saíam de lá ônibus com destinos diversos, dentro e fora do estado, outros estados, outros países...

Meus destinos preferidos (ou disponíveis, afinal ser criança é estar sujeito à proteção dos adultos) eram Poços de Caldas-MG, Caconde-SP, São Paulo-SP, sem falar em algumas pontuais visitas a Mogi Guaçu, Santo André, Rio de Janeiro-RJ, Ribeirão Preto... O interior de SP tem tanta coisa boa para se ver. Do Brasil, ainda conheço muito pouco e quero conhecer mais. Mas não por meio daquela grande construção localizada entre as avenidas Barão de Itapura, Andrade Neves e as ruas Barão de Parnaíba e Marquês de Três Rios. Não mais. Nunca mais...

Em 2008, foi inaugurado o novo Terminal Multimodal Ramos de Azevedo, para mim, Nova Rodoviária. A operação foi aos poucos transportada até que a antiga rodoviária foi desativada no dia 22 de junho de 2008, à meia noite, sendo imediatamente coberta com tapumes, que além de impedirem a visão do que ainda existia lá dentro, prenderam e eternizaram algumas lembranças muito boas. Chegadas e partidas, despedidas e cumprimentos, risos e choros... Passeios, trabalhos, reuniões...

No domingo passado, dia 28 de março de 2010, a antiga rodoviária foi competentemente implodida para que o espaço por ela ocupado, já obsoleto e propício ao consumo e venda de substâncias ilícitas, seja reutilizado de alguma maneira. Na quarta-feira, passei de ônibus e pude ver o resultado: os destroços ainda persistiam em dar a mesma impressão de uma fachada alta, teto de metal, parecia que nada tinha mudado.

Talvez, realmente não mude. A nova rodoviária é moderna, espaçosa, funcional e não nos faz lembrar de como era esquisito andar por aquelas plataformas e guichês apertados. De grandes espaços de alimentação, valia somente o quiosque do McDonald's onde fiz dinheiro várias vezes com os tickets alimentação. Mas eu sinto saudade de esperar o Cometa com minha avó para passar um feriado em Poços, sinto falta de passar pelo Juiz de Menores, conseguir a autorização e poder viajar para o sítio em Caconde. Queria continuar esperando uma pessoa especial me dar um toque no celular enquanto eu ficava sentado nas cadeiras de plástico... Ainda consigo lembrar das idas e vindas com bons colegas de Cotuca.

Aos que por lá passaram, não esqueçam que um dia nossa rodoviária era o que tínhamos. Aos que só conhecem os destroços, saibam que aquelas paredes levaram e trouxeram memórias rodoviárias de todos os cantos do Brasil. Nada disso muda.
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