Campineiro que sou, não há lugar que eu queira melhor do que minha cidade natal. Aqui vivi, cresci, estudei, me formei e continuo levando minha vida. No entanto, gostar de onde se está nunca é motivo para deixar de sair, conhecer e ver mais do que existe ao nosso redor e faz parte de nosso mundo. Desde sempre, a porta de saída de uma imensa maioria dos habitantes de Campinas foi a Estação Rodoviária Dr. Barbosa de Barros. Saíam de lá ônibus com destinos diversos, dentro e fora do estado, outros estados, outros países...
Meus destinos preferidos (ou disponíveis, afinal ser criança é estar sujeito à proteção dos adultos) eram Poços de Caldas-MG, Caconde-SP, São Paulo-SP, sem falar em algumas pontuais visitas a Mogi Guaçu, Santo André, Rio de Janeiro-RJ, Ribeirão Preto... O interior de SP tem tanta coisa boa para se ver. Do Brasil, ainda conheço muito pouco e quero conhecer mais. Mas não por meio daquela grande construção localizada entre as avenidas Barão de Itapura, Andrade Neves e as ruas Barão de Parnaíba e Marquês de Três Rios. Não mais. Nunca mais...
Em 2008, foi inaugurado o novo Terminal Multimodal Ramos de Azevedo, para mim, Nova Rodoviária. A operação foi aos poucos transportada até que a antiga rodoviária foi desativada no dia 22 de junho de 2008, à meia noite, sendo imediatamente coberta com tapumes, que além de impedirem a visão do que ainda existia lá dentro, prenderam e eternizaram algumas lembranças muito boas. Chegadas e partidas, despedidas e cumprimentos, risos e choros... Passeios, trabalhos, reuniões...
No domingo passado, dia 28 de março de 2010, a antiga rodoviária foi competentemente implodida para que o espaço por ela ocupado, já obsoleto e propício ao consumo e venda de substâncias ilícitas, seja reutilizado de alguma maneira. Na quarta-feira, passei de ônibus e pude ver o resultado: os destroços ainda persistiam em dar a mesma impressão de uma fachada alta, teto de metal, parecia que nada tinha mudado.
Talvez, realmente não mude. A nova rodoviária é moderna, espaçosa, funcional e não nos faz lembrar de como era esquisito andar por aquelas plataformas e guichês apertados. De grandes espaços de alimentação, valia somente o quiosque do McDonald's onde fiz dinheiro várias vezes com os tickets alimentação. Mas eu sinto saudade de esperar o Cometa com minha avó para passar um feriado em Poços, sinto falta de passar pelo Juiz de Menores, conseguir a autorização e poder viajar para o sítio em Caconde. Queria continuar esperando uma pessoa especial me dar um toque no celular enquanto eu ficava sentado nas cadeiras de plástico... Ainda consigo lembrar das idas e vindas com bons colegas de Cotuca.
Aos que por lá passaram, não esqueçam que um dia nossa rodoviária era o que tínhamos. Aos que só conhecem os destroços, saibam que aquelas paredes levaram e trouxeram memórias rodoviárias de todos os cantos do Brasil. Nada disso muda.
Tantas idas e vindas. Quem não pega ônibus, não tem história!! Hahaha. Nós temos várias... =P
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