sábado, 28 de março de 2009

Céu aberto

Boas.

Todo mundo gosta de ar livre, não são diferentes os alunos... Afinal, eles passam na média 4h por dia confinados dentro de uma sala de aula. Ser vivo nenhum consegue se manter enclausurado por tanto tempo, imóvel, estático, calado. Eu não consigo! Faça um exercício mental e pense se você conseguia se concentrar tanto em algo centrado externamente, como uma aula expositiva, daquelas bem tradicionais: giz, lousa, professor falando sem parar...

Até por isso, eu aparecer na porta é uma esperança de liberdade. Pelo menos, é o desejo deles. Reações adversas surgem se eu anuncio que ficaremos na sala, ocorre raramente, mas acontece... Isso quando quero basear algum conteúdo antes de repensá-lo em atividades práticas, ou ainda trabalhar algo que não exija o ambiente externo e esteja mais ligado ao plano das idéias, sem abandonar as intenções do movimento.

Mas venho repensando as aulas para usar menos o espaço externo, infelizmente, contra minha vontade. Quem anda mandando nas minhas aulas é o sol. Principalmente à tarde, quando tenho sempre as primeiras aulas (inevitável, uma vez que tenho aulas todos os dias. E eu dei azar mesmo) e o sol das 13h brilha intensamente no céu de Hortolândia. O calor é forte, o sol castiga e a radiação não é brinquedo, protejo os alunos e me protejo, afinal para eles são 30 minutos, para mim é a tarde inteira.

Quadra coberta?? Para ser mais sortudo, eu teria que ter uma quadra na escola primeiro... Usamos o Complexo Esportivo da Prefeitura, no quarteirão de baixo da escola. Duas quadras, um ginásio coberto e quadra de fora (que infelizmente não dispõe de tabelas de basquete). Nos é cedida a quadra externa, já que os horários à tarde são preenchidos pelas escolinhas de esportes no ginásio coberto, onde a sombra abunda, o piso é mais seguro e o espaço menos propenso outros focos de atenção (vizinhos passando pela calçada, paqueras adolescentes com os caras que vão lá pra usar a quadra...).

Então, evitando os riscos do sol, venho adaptando diversas aulas no espaço do pátio da escola (nem de longe, o mais adequado) e trabalhando em sala de aula em algumas ocasiões. Se eu gosto?? Não. Se eu prefiro?? De vez em quando. Mas não forçadamente, como vem sendo.

Talvez seja uma luta que eu deva encarar: há um terreno ao lado da escola que está à venda, onde funcionava um comércio de piscinas. Se alguém souber do caminho pelo qual eu poderia sugerir ao poder público adquirir este terreno e nos ceder um espaço maior, no qual uma cobertura seria facilmente resolvida, eu ficaria imensamente agradecido. Enquanto isso, vou bolando minhas alternativas, como sempre! Só não dá pra ficar parado... Abraços a todos!!

sábado, 14 de março de 2009

Os primeiros passos de algo que ainda não existe

É engraçado pensar que o título deste blog surgiu sem qualquer reflexão mais aprofundada. A intenção era ter um espaço onde eu pudesse integrar a vontade de escrever às reflexões do meu dia-a-dia como professor, tudo sob um ponto de vista crítico. Só que tinha algum tempo, eu não parava para pensar no porquê da Ludocência.

Obviamente, a junção de Ludo e Docência. Jogo e Magistério. Construir uma metodologia docente em Educação Física que privilegiasse o jogo, a brincadeira, a atividade desinteressada. Passou-se quase um ano e não posso dizer que já tenho este plano em prática e sou"ludocente".

Mas, ao que me parece, existem lampejos que andam me ajudando a traçar algumas rotas neste caminho de criar algo diferente... Ontem mesmo, tratando de Atletismo - Corridas, junto às minhas salas de 6ª série, elaboramos conjuntamente um texto sobre corridas de velocidade e resistência, após prática de entendimento.Propus que ele buscassem explicar o significado de algumas das palavras que não entenderam no texto (exemplos: ranking, centésimo, Atenas, maratona, nobre). No final, utilizei o quadro para propor o seguinte jogo:

- Relacione as palavras abaixo com as diferentes exigências de corrida:

CORRIDAS DE VELOCIDADE x CORRIDAS DE RESISTÊNCIA

Força muscular / Distâncias mais curtas / Distâncias mais longas
Maior tempo de duração / Menor tempo de duração
Róbson Caetano / Vanderlei Cordeiro de Lima

Obs: Róbson Caetano e Vanderlei Cordeiro foram os atletas que foram citados no texto para exemplificar o biotipo dos corredores, além de sinalizar dois expoentes do pedestrianismo nacional.

Foi incrível observar como eles se envolveram na tarefa de responder este pequeno jogo, que consistia simplesmente em ligar as palavras mais abaixo ao(s) termo(s) correspondente(s) localizado(s) acima. Discutiram com o colega do lado, releram o texto, me chamaram, questionaram, perguntaram, se divertiram, ficaram em dúvida... A sensação era muito boa. Essa sensação devia ser o que eu queria ao propor a Ludocência:
Dialogar com o conhecimento sem se preocupar com a sua importância, sem propósitos previamente identificados, apenas como parte da estrutura de um jogo prazeroso por si só.
Nota mental: adquirir o hábito de conduzir um jogo em todas as aulas de Educação Física. Dará trabalho planejar, mas tenho certeza que consigo criar na pluralidade da nossa área!
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