quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Altos, baixos, águas e tremores

De ontem para hoje, notícias muito tristes chegam de um lugar onde a tristeza predomina na difícil vida de seus habitantes. Os tremores catastróficos no Haiti me fizeram lembrar, em menores proporções, das dificuldades pelas quais vi algumas famílias de alunos da escola passarem após um temporal no final de novembro, se minha memória não falha... Google, me ajude!

Achei uma reportagem. É, foi mais no começo de dezembro, bem me lembro da água que caía naqueles dias, quando precisei inclusive adiar a realização do Festival e cogitei cancelar a realização do Interclasses.

Dá uma olhada no estrago:
Se bobear, acho que essa imagem é justamente da casa de uma aluna da quinta série, parece bastante com a visão que tínhamos no dia seguinte, quando fomos visitar o bairro onde mora uma boa parte dos meus alunos do ano passado.

Agora... no comparativo, nem preciso colocar imagens do Haiti, todos estão vendo e ouvindo bastante em todos os veículos de notícias. Como, em situações de desastre e desamparo dessa natureza, espera-se que um trabalho de formação seja feito com eficiência total pela escola? Os alunos e suas famílias encontram-se expostos a tantos problemas de ordem pública, é tão precário o processo em que alguns tentam alcançar mais dignidade, me parece que não existe preocupação de ninguém em trabalhar para suprir essas necessidades tão urgentes. Permite-se tudo, não se proíbe nada e muito pouco é oferecido (na maioria das vezes, nada!). Ou seja: permite-se que as pessoas morem em lugares onde não há infraestrutura básica para viver; ao ocupar o local, essas pessoas podem usar de meios irregulares ou inadequados e ninguém aparece para impedir ou proibir e, por fim, é confortável deixar todos nessas condições precárias, já que regularizar a situação do local traz custos de obras e manutenção que, aos olhos dos responsáveis, não a valem as cobranças de impostos a que estariam sujeitos. Fica todo mundo no limbo, só resolvem problemas quando a TV aparece para fazer reportagem, só cortam o mato e tiram lixo na época da eleição... Enquanto isso, casas são destruídas, famílias perdem seus parcos pertences, crianças são assassinadas (um aluno meu foi morto por engano no ano passado).

Quem perde são as próprias pessoas, transitando entre níveis insignificantes de cidadania e direitos humanos, prejudicando todos os âmbitos de suas vidas, inclusive a formação educacional. Um ciclo que só para com uma daquelas paradas extraordinárias, iniciativas que dão na TV, ONGs...

Não precisa ser assim. Eu estou na escola pública porque acredito nesse poder de mudança e superação de status quo. Lutar contra esse ambiente desfavorável requer muita ajuda... Minha vontade e a do aluno juntas tem potência, mas só uma família que dê apoio contínuo pode catapultar uma criança para fora desse sistema vergonhoso. Aqui e no Haiti, falta a muita gente abrir os olhos e sair da cegueira forçada para ver o quanto a escola pode e o quanto ela falha.

3 comentários:

  1. Freitas, creio eu que tem horas em que temos de respirar fundo e não tentar tomar todos os problemas alheios para nós. Não deixar que passemos a viver disso, senão ficamos loucos. Digo isso por pensar que não se apoia essas pessoas, mas sim, depois que torna vendável ou "digno" de aparecer no jornal nacional, como extensão do dramalhão das novelas.

    E também, as pessoas provavelmente irão ler seu texto e falar "ixe, mais um inconformadinho". Cada um cuida, sempre, do próprio umbigo. Fazer o que?

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  2. Concordo... é uma verdade desse mundo: nunca seremos capazes de resolver todos os problemas ao nosso redor. As notícias do tal terremoto só despertaram de novo s crítica ao abandono social. Vou seguir fazendo a minha parte no meu papel, e acho que isso é boa coisa. Valeu pelo comentário, Giacon, grande abraço!

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  3. Olá Guilherme. Sempre temos algo para ensinar, é a base de nossa existência. Seu blog, por exemplo, é um belo ensinamento.

    Abraço.

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