quinta-feira, 19 de maio de 2011

Relacionamento aluno-professor

Atualmente, tenho parâmetros reais para falar a respeito, pois até 2010 eu só acumulava experiência profissional junto a crianças e adolescentes. Atuando a maioria do tempo na escola, diria que a percepção dos papéis assumidos por mim e pelos alunos acabava sendo pré-formatada: o professor entra na sala, manda no pedaço por 50 minutos, vai embora e passa o bastão para o próximo.

Já tentei ser muitos professores diferentes: o legal, o militar, o legal, o que não dá conversa, o que dá bronca, o que dá conselho, o que propõe, o que impõe, o que explica, o que pergunta... Com as crianças, você varia muito sendo a cada momento alguém diferente. Ando mais próximo de um perfil de respeito: não grito, não agrido, não dou no meio de ninguém. Eu aguardo a atenção deles, espero o quanto for necessário, falo com calma, ouço as dúvidas, explico novamente o que não tenha ficado claro, combino os procedimentos e exijo que sejam cumpridos.


O contraponto é o trabalho no SESC. O público adulto representa algum desafio no sentido de uma personalidade formada e opiniões/visões a serem defendidas. É preciso reforçar a cada oportunidade a função que desempenho no espaço de aula, sanar os conflitos eventuais e tomar decisões quando necessário. Ainda sinto alguma dificuldade, mas tudo é uma questão de hábito.

Cá entre nós, ainda gosto mais das crianças que sempre estão esperando a próxima proposta para entrarem com tudo no jogo... Tem vezes em que o adulto simplesmente não se entrega como poderia e frustra o professor em seu desejo de oferecer algo a mais. Abraços a todos!!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Em aula


Vou dar uma pausa nos textos mais práticos. Logo escrevo mais sobre os conteúdos da Educação Física na escola, tem algumas experiências interessantes acontecendo...

Hoje quero escrever sobre o estar em aula. Quando fui aluno, as aulas não tinham um formato muito convidativo: eu e meus colegas sentados em fila, o professora falando na frente, enchendo a lousa com textos, questões e outras tarefas. Mais para o fim do ensino fundamental, tive a oportunidade de estudar em salas ambiente, carteiras organizadas em círculo, em grupo, foi muito animador! Boas memórias...

Quando lembro desses dias de aluno, sinto ainda mais vontade de transformar o meio da sala de aula de maneira a fazer os alunos tomarem parte. Facilmente tornam-se passivos, alheios ao que se fala e faz: as mesas e cadeiras não são confortáveis, ninguém consegue permanecer focado por tantos minutos (ainda mais quando se é jovem e a virtude da paciência é algo raro) e a sala é apertada, suja e sem graça.

Mesmo com o desejo de mudança, o sistema oprime: tenho 50 minutos e perder 20 deles arrumando mesas e cadeiras é improdutivo. Me resta levar uma dinâmica em que eles participem o tempo todo, propondo perguntas, exigindo opiniões, fomentando reflexões, os chamando pelo nome, apontando boas soluções e levando as verborragias no bom humor de sempre.

Poderia ser melhor ainda, com uma sala de aula especialmente preparada, mesas em círculo, muito material para ser visto, revisto e manuseado, uma quadra legal, salas de dança... O ideal não alcança o real por muito. Mas o professor comprometido em tornar aqueles minutos mais agradáveis, pode apostar, sempre estará presente (eu falo de mim mesmo!).

Talvez seja a paixão pelos conteúdos de que trato (basquete e esporte coletivo), às vezes mais, às vezes menos perceptível, mas tenho sentido os alunos mais próximos nestas últimas semanas. Que seja assim sempre, ainda estou em busca daquela maturidade profissional após os 3 anos de magistério, vai ver está chegando!!

Abraços a todos!!

sábado, 7 de maio de 2011

Lutas - a pedagogia da superação III

Demorou, mas chegou! A última parte da série sobre Lutas vem trazer algo um pouco mais aprofundado com relação a origem das modalidades orientais. Lá do outro lado do mundo, o embasamento filosófico por trás das atividades importa mais que a prática propriamente dita. Mas chega de conversa e vejamos quais são as possibilidades:

Aula 4 - O código de honra dos samurais
Os samurais, guerreiros japoneses da antiguidade, possuíam normas rígidas de comportamento e postura relacionadas não só ao aprendizado das artes da guerra, mas também ao modo de vida geral. Muito dessa tradição foi apropriado pelas lutas criadas depois de alguns séculos. Este código dos samurais se chamava BUSHIDÔ (bushi=guerreiro, do=caminho). A seguir, uma sugestão de texto para realizar atividades em sala:


Literalmente traduzido, Bushido significa "Caminho do Guerreiro", sendo "bushi" igual a guerreiro e "do" igual a caminho. Neste sentido, o ideograma para caminho, em japonês, é equivalente à forma chinesa “Tao”, e exprime o conceito filosófico de absoluto. Este conceito traz a idéia de origem, princípio e essência de todas coisas.É composto de sete virtudes nas quais se apóiam todas as ações do guerreiro ao longo de sua vida, entendida como caminho.

No geral, guerreiro é aquele que busca seu próprio caminho. Muitas pessoas podem estar perfeitamente buscando o caminho sem saber disso. Guerreiro é a pessoa que tem um objetivo, e que por meio deste, passa a ter consciência de seu dom e suas limitações. Através dessa consciência, o guerreiro atinge sua meta, combinada com a vontade de vencer fraquezas, temores e limitações.

Cada pessoa trilha seu próprio caminho, já que existem vários caminhos como o caminho da cura pelo médico, o caminho da literatura pelo poeta ou escritor, e muitas outras artes e habilidades. Cada pessoa pratica de acordo com a sua inclinação. Por isso pode-se chamar de guerreiro, aquele que segue seu caminho específico.

Quando o guerreiro assume uma responsabilidade, mantém sua palavra. Os que prometem e não cumprem, perde respeito próprio, tem vergonha de seus atos e sua vida consiste em fugir, gastam mais energia dando desculpas para desonrar sua palavra, do que o guerreiro usa para manter seu compromisso. Às vezes o guerreiro assume uma responsabilidade que resultará em prejuízo. Não torna a repetir esta atitude, mas honra o que disse e paga o preço de sua impulsividade.

"O caminho do guerreiro é o caminho da pena e da espada", esse conceito vem do antigo Japão feudal e determinava que dominassem tanto a arte da guerra quanto a leitura, apreciando ambas as artes. O bushi deve aprender o caminho de todas as profissões, se informar sobre todos os assuntos, apreciar as artes e quando não estiver ocupado em suas obrigações militares, deverá estar sempre praticando algo, seja a leitura ou a escrita, armazenando em sua mente a história antiga e o conhecimento geral, comportando-se bem a todo momento para ter uma postura digna de um samurai, tudo isso sem desviar do verdadeiro caminho, o bushido.

A etiqueta deve ser seguida, todos os dias da vida cotidiana, assim como na guerra pelos samurais. Sinceridade e honestidade são as virtudes que avaliam suas vidas. Transcender um pacto de fidelidade completa e confiança esta ligado à dignidade. Os samurais também precisavam ter autocontrole, desapego e austeridade para manter sua honra, em função disso, podemos dizer que o samurai é o guerreiro completo e seu código de honra - o bushido - tem forte influência no estilo de vida do povo japonês e oferece uma explicação do caráter e da indomável força interior desse povo.

Para o bushido, o caminho do guerreiro exige que a conduta de um homem seja correta em todos os sentidos, dessa forma, a preguiça é um mal que deve ser abominado. Mas existe problemas quando a pessoa se apóia no futuro, pois torna-se preguiçosa e indolente, já que deixam pra amanhã, aquilo que poderia ser feito hoje. Pessoas que agem dessa maneira, não seguem o verdadeiro preceito do bushido, que de um modo geral, é a aceitação resoluta da morte de maneira honrada.

Se o guerreiro tem plena consciência da morte, evitará conflitos, estará livre de doenças, além de ter uma personalidade com muitas qualidades e diferenciada às dos demais seres humanos. O guerreiro vive o presente sem se preocupar com o amanhã, de modo que quando contempla o rosto das pessoas, sente como se nunca mais fosse vê-los novamente, e portanto, seu dever e consideração as pessoas, serão profundamente sinceros. O verdadeiro guerreiro é aquele que aceita a morte, dessa maneira, ele não irá se meter em discussões desnecessárias que venham a provocar um conflito maior, já que assim ele pode acabar sendo morto e isso talvez resultaria na sua desonra ou afligiria a reputação e nome de sua família. Se a idéia de morte é mantida, será cuidadoso e suscetível de ser discreto e não dirá coisas que ofendam às outras pessoas. Também não cometerão excessos doentios com a comida, bebida e sexo, usando moderação e privação em tudo, permanecendo livre de doenças e mantendo uma vida saudável.

Resumindo, bushi é aquele que segue o caminho do guerreiro. Miyamoto Musashi disse uma vez: - Os homens devem moldar seu caminho. A partir do momento em que você ver o caminho em tudo o que fizer, você se tornará o caminho.

Adaptado de Bushido Online - http://www.bushido-online.com.br

Discuta principalmente a relação entre esses princípios de conduta e as transgressões cometidas pelos lutadores que usam de seus conhecimentos para agredir e violentar outras pessoas. Vale também reforçar que o termo "guerreiro" é usado no sentido figurado e pode corresponder a qualquer pessoa que tenha um objetivo e esteja em busca de algo.

Sugestões e referências:
Bushido Online - site com muitas informações sobre o Bushidô e também diversas artes marciais.

Filmes - São um apoio interessante para ilustrar as discussões realizadas e as atividades práticas.
- Karate Kid: vale a versão filmada recentemente com Jaden Smith e Jackie Chan, mas como a maioria deve ter assistido, busque o original e a relação interessante entre mestre e discípulo (sr. Myagi e Daniel).
- O Último Samurai: um filme muito bem feito e tocante com Tom Cruise e Ken Watanabe. Um soldado americano vai ao Japão treinar as tropas militares, mas acaba capturado pela resistência formada pelos samurais ainda existentes e contrários à abertura internacional do país. Durante seu período de reclusão na vila dos samurais, o capitão Algren aprende um pouco do modo de vida e das artes de guerra cultivadas, identificando-se e até mesmo lutando ao lado de quem antes enfrentara. Conceitos como honra e lealdade, princípios do bushidô, estão muito bem representados em várias passagens.
Assim termina nossa série sobre um conteúdo tão deixado de lado. As atividades aqui propostas são apenas um norte para quem está em busca de alternativas para discutir o tema nas aulas, modifiquem as ideias conforme entenderem funcionar melhor. Aposto que conseguirão ótimos resultados! Não esqueçam de voltar aqui e contar como foi! Abraços a todos e até a próxima!
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