segunda-feira, 15 de março de 2010

Este professor lamenta o descrédito da SEE para com a educação de São Paulo

--> Resposta à nota publicada pela Secretaria Estadual de Educação (SEE) no link http://www.educacao.sp.gov.br/noticias_2010/2010_12_03_a.asp

Eu, cidadão e professor de Educação Física Guilherme Freitas, lamento que a SEE insista em fazer-se de cega, surda e muda para com a educação de São Paulo. A Secretaria engana-se ao declarar que somente 1% do total de docentes aderiram a greve (acesse as fotos da última assembleia em SP!), mostrando como é contrária ao diálogo e sem qualquer abertura para saber quais são os interesses dos docentes ao defenderem a pauta de reinvindicações proposta.

Lamento, também, que tenhamos que usar de métodos de força para demonstrar a necessidade de uma reformulação na educação paulista, causando transtornos a um número grande de paulistanos, mas também recebendo manifestações de apoio de outros tantos descontentes com o rumo das políticas realizadas em nosso estado. Embora contrarie orientações da Prefeitura e outros órgãos governamentais, os mesmos transtornos são causados por outros eventos sem que estes tenham o mesmo objetivo profundamente justificável.

Não acho que cortar o ponto ou salários seja o tipo de medida que a classe docente, consciente da necessidade de lutar, entenda como justificativa para retornar ao trabalho. Greve é direito assegurado em lei federal. Da mesma forma, muito me revolta saber que exista menção de usar o Bônus por Resultados e o Programa de Valorização pelo Mérito como forma de esvaziar o movimento, quando este último justamente luta para garantir a reposição das perdas salariais e não por bonificações aleatórias, inconstantes e descriteriosas concedidas a uma parcela ínfima do quadro estadual, excluindo o restante dos docentes sem que sejam utilizados modelos viáveis de avaliação de cada realidade local.

A afirmação de que os gastos com a folha de pagamento aumentaram a partir de 2005 esquece de justificar este gasto com um número significativo de docentes aprovados e empossados em concurso público deste mesmo ano. Quando fala em moralização e valorização do professor trabalhando em sala de aula, esquece de mencionar que permite substituições infinitas por aulas (3 professores recebem pela mesma aula quando o titular se licencia, vem o substituto e se licencia e o terceiro assume e se licencia, abrindo vaga até mesmo para o eventual receber aquela aula), causando transtornos em todas as unidades escolares. Mesmo assim, a remuneração docente é ínfima e existem muitos cargos de nível médio pagando muito acima do salário de início de carreira docente. E enquanto a jornada docente é reduzida para 24 ou 30 horas semanais, não entram na conta os períodos utilizados fora do horário de trabalho para planejamento de atividades, cursos de aprimoramento e correção de atividades realizadas pelas muitas turmas (um professor de Educação Física trabalha com duas aulas semanais, sendo que para 30 horas semanais, possui 15 turmas atribuídas).Quanto ao fim da Prova dos Temporários, ao contrário do fim da prova como avaliação, defende-se que ela seja realizada de forma justa e bem formulada. Muito diferente do processo de construção iniciado em 2008, quando de última hora foi marcada a avaliação e seu andamento foi realizado a toque de caixa, o mesmo permanecendo em 2009. Não privilegia realmente quem é mais preparado nem valoriza-se quem já faz parte dos quadros docentes: a SEE nunca ofereceu qualquer curso de aprimoramento, muito menos disponibilizou tempo hábil para que os professores participassem de iniciativas externas em horário de trabalho.

Dentre as reinvindicações, talvez não fique claro o quanto a educação pública estadual precisa de socorro. Acredito que o professor mereça ser melhor remunerado, mas antes lutamos por melhores condições de trabalho para nós e melhores condições de aprendizado para os alunos. Por fim, aposto que você deve ter assistido na TV que o Governo do Estado divulga aos quatro cantos a evolução do aprendizado dos alunos (tenho 6 quintas séries, todas tem problemas de ortografia seríssimos, muitos só escrevem em letra BASTÃO e temos muitos alunos em dificuldade e defasados), dois professores em sala de aula (onde? onde? Que injustiça, alguém trabalha ao meu lado e nem o enxergo), escolas limpas, novas e organizadas e professores felizes e contentes com seu trabalho e a recompensa pelo bem maior que prestam à sociedade... MENTIRA!!!

Só quero ajudar a recuperar a dignidade... Quero que se dane Serra, PSDB e o caramba. Em greve contra tudo o que impede que sejamos na educação tudo o que sonhamos para nós e para o Brasil.

3 comentários:

  1. http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/visita-de-serra-em-ribeirao-preto-e-marcada-por-protesto-e-confusao-20100320.html - eu devia ter ido lá para passar a carteirinha do HC pro pessoal entrar!!

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  2. Guilherme, você deveria procurar um emprego de jornalista, pelo menos colunista, pois como sabemos, professor além de não ser trabalhador nao recebe um reconhecimento e nem salário - como comentarista deve receber - sem brincadeira, você realmente sabe escrever - meus parabens pela palavras escritas.
    Alfredo - La Fortezza

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  3. Obrigado, Alfredo. Isso sempre foi um pensamento, espero que eu consiga conciliar algo entre lecionar na escola e escrever sobre algo...

    No mais, a indignação persiste, pena que uma maioria de professores não enxergue que precisam gritar e esclarecer que não é fácil.

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