O título assusta? Inicialmente, talvez. Vou me justificar quanto ao uso de um termo popularmente negativo.
Estou participando de um curso muito interessante na EEFE-USP, aos sábados, ministrado pelo prof. Walter Correia. A turma é toda formada por professores de escola pública e o título não é algo tão comercial como se vê por aí: Educação Física Escolar - Acolhendo Dilemas e Soluções Docentes. Não tem fórmula mágica, não nos coloca a par das últimas novidades pedagógicas nem bate na mesma tecla de nos responsabilizar pela mudança na educação. Simplesmente, a proposta é dar voz a todas as angústias que surgem dentre os docentes.
E isso vem funcionando, como bem disse uma colega na manhã de hoje, é quase uma terapia de grupo! Participei da dinâmica inicial de hoje. A temática? MEDO. "Você tem medo de quê?"É difícil asssumirmos a relevância de considerarmos nossos medos cotidianos. Lembramos de medo de altura, medo de escuro, medo da violência... E o medo de não acertar no trabalho? E o medo de magoar alguém com nossas atitudes? E o medo de não corresponder às expectativas?
Luzes apagadas, silêncio para ouvir os relatos. Fui o último dos três primeiros e sintetizei em algumas palavras a imensidão de sentimentos que me invadiram desde fevereiro de 2008, meu início no magistério. Dei vazão ao grande medo que tenho e me senti melhor, falei de como tenho medo de ver a instituição ESCOLA fracassar, perder seu sentido e não ter mais valor perante uma sociedade renovada e veloz. Ao mesmo tempo, "cutucados" pelo professor, aproveitamos a perguntaa música dos Titãs - Comida: "Você tem fome de quê?". A minha fome se saciará ao ver essa escola prosperar por meio de professores, alunos, famílias e investimentos.
Taí, eu aceitei esse medo, falei sobre ele e não me parece mais tão assustador. Pensei na minha fome e agora fica claro que realmente é o que me motiva a estar todos os dias na escola.
Um medo que não é físico. Uma fome que também não é material... Como eu queria que cada um dos meus alunos encontrasse essas respostas, se não em si mesmos, pelo menos com a minha ajuda, ou de seus professores. Que seja... A diferença será feita onde existe algo faltando.
Abraços a todos. O quarto bimestre está prometendo!
Engraçado... Quando entrei na faculdade repudiava a idéia de dar aula... E eis que no final do meu terceiro ano acadêmico me caiu nas mãos uma oportunidade de ministrar uma oficina de leitura para jovens em uma escola estadual. Continuo achando que minha carreira não será nas escolas, mas entendo o que você sente, pois sinto o mesmo com as minhas "crianças"... Continuo não querendo dar aula, mas já enxergo isso como uma maneira de mudar - muito pouco por mim, mas muito - muito mesmo - por eles.
ResponderExcluirEntendo os seus medos...também fui assolada por eles em todas as situações que representavam o começo de algo...Quando inciei na carreira, quando dei aula pela primeira vez , quando dei aulas pela primeira vez no estado de São Paulo, quando dei aula pela primeira vez em uma ou em outra escola. E os medos continuam... Agora, sinto medo de perder este sentimento que me mantém firme no magistério, que me mantém com propósitos de mudanças entre os alunos...Acho que é o pior medo - se existe um pior medo. Pois a determinação de buscar mudanças é o que nos mantém antenados em nossos propósitos.
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