Tem uma dica que eu deixei de citar nas
postagens anteriores relacionada à dinamização do espaço. Obviamente, pensar o voleibol exige uma rede posta para dividir a quadra, na concepção simplista do esporte. É interessante vencer essa imposição espacial, propondo dinâmicas em roda, simplesmente mantendo a bola no alto, o uso da rede mais baixa, para dar oportunidade a todos de executar saques, ataques e bloqueios, e mais divisões do espaço, como cordas traçando quatro divisões na quadra, permitindo maior participação.
Saque, Recepção, Ataque... Prossigamos ao que ainda está faltando para completar as possibilidades do jogo: bloqueio e, finalmente, o rodízio.
Feitos os resgates necessários, vamos a duas sequências para falar do que ainda falta para compor o vôlei:
Aula 6 - Bloqueios
Vai surgir uma certa empolgação aqui, afinal a sensação de parar o movimento da bola com os braços e ainda conseguir pontos equivale à defesa do pênalti no futebol. Muitos saltos depois, eles estarão um pouco mais cansados e mais inteirados no que podem fazer...
-Aquecimento: dois a dois, afastados dois passos, se aproximam frente a frente, saltam e batem as mãos no alto. O mesmo pode ser feito ao longo da rede.
- Conforme o número de bolas, divida o grupo em duplas/trios/colunas com alunos frente a frente. Um colega lança para o alto, enquanto o primeiro da outra coluna deve se aproximar e saltar com os braços estendidos, recebendo a bola. Na sequência, uma fila lança enquanto a outra salta e impulsiona a bola com os braços para frente.
- Rede humana: Divida a turma em três. Uma das equipes fará o papel de rede, ficando no centro do espaço, enquanto as outras duas jogarão normalmente, o vôlei que entenderem possível a todos. Toda a vez que a equipe do centro (rede) conseguir tocar a bola antes que ela passe para a outra quadra, executando um bloqueio, ela ganha o direito de tornar-se uma equipe que joga, enquanto quem foi bloqueado assume a posição de rede humana. As variações podem ocorrer na maneira que se joga (segurando a bola, manchete, toque, manchete e toque, jogo livre, três toques, maior número de toques, cada toque em pessoas diferentes, cada passagem de bola ao outro lado exige mudança de lugar dos jogadores etc.), no espaço (divisão com equipes menores jogando em quadrado, onde quatro "redes" fecham uma equipe e tem outras quatro jogando do lado de fora) e no número de bolas, para aumentar a dificuldade.
Aula 7 - Rodízio e Posicionamento
Na regra do jogo, existe um posicionamento definido. Logicamente, uma aula com turmas escolares sempre terá muita gente para jogar e pouca quadra. Assim, adaptar o número de pessoas em quadra e formas de permitir que todos joguem, a princípio, é o caminho. Com o passar das aulas, dá pra trabalhar do jeito "certo" para que eles entendam melhor a dinâmica.
- Câmbio: Desenhe os números no chão e peça um aluno em cada posição. Explique o sentido decrescente dos números e também as regras do Câmbio: semelhante ao vôlei nos três possíveis toques em cada passagem de bola, mas permitindo segurá-la e lançá-la, inclusive no saque. Toda vez que a bola passa ao outro lado por cima da rede, a equipe realiza uma rotação do rodízio, deslocando-se uma posição. Conforme os alunos entendam o funcionamento do jogo e o deslocamento do rodízio, vá adicionando elementos dificultadores: saque conforme a regra do vôlei, recepção deve ser rebatida, o segundo toque rebatido, somente a recepção pode ser segura, três toques em rebatida para finalmente chegar ao vôlei.
Daqui pra frente, quem quiser melhorar seu jogo e se interessar mais, tem ferramentas mais do que básicas para prosseguir. Dar sentido ao que se conhecia apenas de ver e assistir é o exercício de maior valor numa pedagogia esportiva. O próximo post dará conta de uma breve maneira de avaliar os conceitos abordados e algumas referências para ajudar a compor as atividades. Abraços a todos!